Get us in your inbox

Luís Filipe Rodrigues

Luís Filipe Rodrigues

Articles (317)

A afirmação de Filipe Sambado

A afirmação de Filipe Sambado

O mundo era outro sítio da última vez que nos encontrámos para falar da vida e do trabalho, em Fevereiro de 2020, antes da edição de Revezo. Filipe Sambado ia participar no Festival da Canção e lançar um disco que devia tê-la elevado para outro patamar. Ia sair em tour. Em vez disso, o país fechou e ela teve de se fechar em casa, a esgotar as poupanças que tinha amealhado nos últimos anos, a trabalhar para não enlouquecer, a trazer uma filha ao mundo. E a reflectir muito. Quando finalmente saiu de casa, tinha-se afirmado enquanto pessoa não-binária e passado a usar pronomes neutros ou femininos. Tinha, também, um disco quase pronto, que circula entre caixas de correio e drives do Google desde o início de 2023 – só demorou tanto a chegar aos ouvidos do público porque Sambado estava a tentar deixar a velha editora. Chama-se Três Anos de Escorpião em Touro. É um triunfo e a sua mais recente reinvenção. “Embora a ‘Faço Um Desenho’, que mesmo assim está muito diferente, tenha sido repescada do Revezo, o resto do disco começou a ser feito durante a pandemia”, conta. “Quis explorar processos de composição diferentes e adquirir novas ferramentas de gravação, que passavam muito por samplar cenas e ir compondo com esses samples.” Pela mesma altura, uma empresa multinacional lançou-lhe um desafio: fazer uma música com dois outros artistas. “Eu convidei o Bejaflor e o Conan [Osiris] e nós começámos a fazer a música. Mas o dinheiro que nos pagavam para ficar com a música era ridículo”, mu

The Legendary Tigerman: “Não queria ficar preso ao passado”

The Legendary Tigerman: “Não queria ficar preso ao passado”

Paulo Furtado já viveu muito. Conhecemo-lo nos anos 90, de guitarra em punho, ladeado por Victor Torpedo, Kaló, André Ribeiro e Toni Fortuna, os Tédio Boys, gangue coimbrão reconhecido pelos concertos orgiásticos e pelo rock and roll afogueado que propagavam. Mas nenhum fogo arde para sempre e, ao fim de uma década, separaram-se. Furtado, por exemplo, reinventou-se como o frontman e evangelista rock dos WrayGunn, ao mesmo tempo que vestiu a pele de The Legendary Tigerman, bluesman e banda de um homem só. Desde então, viveu muitas vidas e bebeu de ainda mais músicas e fontes. Zeitgeist, o disco que agora edita, é outra guinada estética; mas não vai apanhar desprevenido quem tiver prestado atenção ao trabalho desenvolvido pelo músico português nos últimos anos. Femina é, de certa forma, a primeira coisa que o novo Zeitgeist traz à memória. No álbum de 2009 ouvíamos um homem-tigre diferente, a renunciar ao eremitismo dos primeiros discos a solo e a rodear-se de vozes femininas para imortalizar um conjunto de canções em que explorava diferentes sonoridades. Relativamente novas, vá. Fossem originais ou versões – de Daniel Johnston, de Danzig, de Lee Hazlewood via Nancy Sinatra, etc. – nada do que ali se escutava soava fora de lugar ou era 100% novo. A admiração e a afinidade com os músicos evocados não eram segredos nem causaram surpresa, e as composições originais limitavam-se a trazer para o universo de The Legendary Tigerman sons e referências que já conhecíamos de outras banda

O futuro desagua no Cais do Sodré em mais uma edição do MIL

O futuro desagua no Cais do Sodré em mais uma edição do MIL

Desde 2017 que o festival e convenção MIL – Lisbon International Music Network, que este ano se realiza entre quarta, 27, e sexta-feira, 29, promove o diálogo entre os agentes musicais e outros sectores da sociedade. Fá-lo através dos concertos, que à noite enchem as ruas do Cais do Sodré de um público sedento de novidades, mas sobretudo nas conferências, debates e masterclasses diurnos. Pedro Azevedo, um dos programadores do MIL e do Musicbox, gosta de dizer que “o desafio é conseguir que a convenção não seja um sítio onde só se fala de arte e da indústria musical, mas que tenha temas que são urgentes ou pertinentes para a sociedade em geral discutir”. Esta abordagem tem tanto de desafiante como de correcta. Afinal, a música e a arte que vale a pena espelha, e ocasionalmente molda, a sociedade que a produz. O trabalho dos críticos, curadores e programadores culturais é – ou devia ser, pelo menos – mostrar como e o que é ao certo reflectido, mapear ligações entre artistas esteticamente díspares e o contexto histórico e material em que trabalham. Quando há umas semanas fomos ao encontro dos Meia/Fé, auto-intitulado “gangue juvenil insurgente baseado” que dá o quarto concerto da sua ainda curta mas vibrante existência na sexta-feira, 29, no Titanic Sur Mer, no âmbito do MIL, a ideia era perceber quem eram, de onde vinham, o que fazia os seus corações bater e instrumentos estrebuchar; ajudar a sua música a chegar a mais ouvidos.  Mas bastou um minuto para a conversa tocar no pri

Benjamin Clementine: “Um dia vamos morrer, e as canções vão continuar a existir”

Benjamin Clementine: “Um dia vamos morrer, e as canções vão continuar a existir”

Há cinco anos que Benjamin Clementine não nos dava música quando, em 2022, nos presenteou com o terceiro álbum, And I Have Been. E daqui a uma semana, depois de quatro anos afastado dos palcos portugueses pela pandemia, o cantor e compositor britânico passeia a sua pop sofisticada e meio barroca pelos palcos do Sagres Campo Pequeno, em Lisboa, e da Super Bock Arena, no Porto. Antes, conversámos sobre a sua carreira e desconversámos sobre o mérito artístico do sampling. Estavas há cinco anos sem lançar um disco quando o And I Have Been saiu, em 2022. O que andaste a fazer?Tornei-me um pai de família. E a pandemia atrasou um bocado as coisas. Mas teve um lado positivo, que foi forçar-me a abrandar o passo e passar mais tempo a pensar e a escrever. Este disco é apenas a primeira parte de uma trilogia. O segundo deveria ter saído este ano, mas já só deve chegar no início do próximo. Esses discos já estão gravados, ou ainda estás a fazê-los?Ainda os estou a acabar, não gravei nada. Mas mudei o meu processo de composição. Dantes começava por escrever, e criava a música depois. Agora faço o oposto: primeiro componho e penso nos arranjos, e só a seguir é que vejo onde se encaixam as palavras. Mas já tens pelo menos nomes para os discos?Ainda estou a pensar nisso. Mas se calhar vou chamar-lhes And I Have Been 2 e And I Have Been 3. Versam sobre ter-me tornado pai e marido, sobre a tentativa de equilibrar isso e a minha carreira. Por falar nisso, editaste um single com a tua mulher, a

Ben Yosei: “A religião verdadeira é uma que inclui toda a gente”

Ben Yosei: “A religião verdadeira é uma que inclui toda a gente”

Ben Yosei é uma figura fascinante. Baptizado Rafael Trindade há 24 anos, é autor de uma música inclassificável e bela. Um artesão de canções honestas em que a electrónica ambiental e os ritos e vivências do interior do país colidem e se transformam em beatíficos sonhos pop, sob a égide de Panda Bear, James Ferraro e outros bravos exploradores dos ângulos mortos onde o inconsciente colectivo e a música popular se enroscam. Lagrimento, o seu álbum deste ano, é uma homenagem em vida à sua avó, “a pessoa mais importante” para ele. Consegue, porém, soar universal – versa sobre o medo da perda e a importância de aproveitarmos todos os momentos passados ao lado das pessoas que (nos) importam. É, também, um entrevistado cativante, modesto e com um ar tímido que esconde um interesse genuíno por uma imensidão de assuntos, da luta livre americana ao anime japonês e, claro, a música, a fé religiosa e a intersecção destes mundos. É fácil perder noção das horas enquanto se fala com ele. No sábado passado, porém, tínhamos o tempo contado: uma hora e um quarto até ao início do festival DayDream Re:loaded, na ZDB, onde cantou um tema com o seu cúmplice frost.y. Por um lado, ainda bem: se assim não fosse, o mais certo era ficarmos a falar até sábado, 16, antes do seu concerto na Cossoul (Lisboa). Assunto não faltaria. No texto de apresentação do Lagrimento, agradeces às pessoas que te ouvem e dizes que esperas que a tua música “retribua o favor e a crença ao contribuir para o espírito do ouvin

Os VEENHO fizeram ‘Lofizera’ para se salvar, “para nos salvar”

Os VEENHO fizeram ‘Lofizera’ para se salvar, “para nos salvar”

Lofizera, o álbum de estreia dos VEENHO, abre com insolência – a atitude – e “Insolência” – a canção. Ouvimo-la pela primeira vez em Dezembro de 2020, quando era apenas mais um single. Passados três anos, mantém a mesma urgência e pertinência. Aliás, para muitos, depois de uma pandemia que arruinou milhões e num contexto em que as crises se multiplicam e os horizontes de futuro se desvanecem, as suas palavras podem até soar mais pertinentes. Quando nos sentimos a afogar, assustados e à procura de um – de qualquer – salva-vidas, precisamos ainda mais de ouvir que “amanhã assusta/ lofizera para nos salvar”. Escutámos pela primeira vez a palavra “lofizera” há meia dúzia de anos, a meio de VEEENHO, o segundo EP da banda lisboeta. A faixa chamava-se “Cerveja Lofizera”, tinha menos de três minutos e pouco mais de dez palavras: “depressão matinal/ saudades da galera/ que nunca morra este sol/ nem a cerveja lofizera”. Guitarras a estrebuchar, riffs colados ao melhor indie rock dos 90s, secção rítmica inquieta, e um homem a repetir estes versos as vezes que fosse preciso. Na altura, os VEENHO lembravam os Wavves – até os títulos dos discos evocavam os californianos, com uma das letras a repetir-se no nome do grupo e no título do primeiro EP, e a mesma letra fora de sítio a surgir três vezes no segundo. Os VEENHO de 2017 eram uma boa banda, com energia, fúria de viver e as referências certas. Não havia muitas assim em Portugal. Foi por isso que Manel Lourenço, a Primeira Dama da Xita R

Uma dúzia de concertos a não perder no MEO Kalorama

Uma dúzia de concertos a não perder no MEO Kalorama

A primeira edição do último grande festival de Verão europeu foi um absoluto sucesso. E tudo indica que ainda não é na segunda volta que vão vacilar. Entre esta quinta-feira, 31 de Agosto, e sábado, 2 de Setembro, dezenas de artistas muito diferentes vão ocupar os quatro palcos montados no Parque da Bela Vista. Vai ser preciso fazer pelo menos uma ou duas escolhas por hora. E a Time Out está aqui para o ajudar. Dos Blur a Dinamarca, estes são os espectáculos a não perder no MEO Kalorama. Recomendado: Underdogs invade Kalorama com momentos de aproximação às artes

Dez concertos a não perder no Vodafone Paredes de Coura

Dez concertos a não perder no Vodafone Paredes de Coura

O icónico Vodafone Paredes de Coura celebra 30 anos e é das raras instituições estivais que, indiferente à passagem dos anos, se mantém meio fiel às suas origens. É verdade que as sonoridades que se ouvem no anfiteatro natural de Paredes de Coura não são só as que se ouviam nos 90s, mas o festival sempre foi acompanhando as tendências – do trip-hop ao nu-metal, do pop-punk ao indiezinho dos anos zero – e continua a fazê-lo, dando agora espaço ao trap singular do sueco Yung Lean ou à pop afro-futurista de Sudan Archives. Para os espíritos mais conservadores, porém, há música indie à antiga. Estão lá os Yo La Tengo, santos padroeiros do indie rock americano; os Wilco, referência maior do rock e da alt-country americana; The Brian Jonestown Massacre e o seu rock psicadélico, garageiro e errático, servido com muita selvajaria; ou ainda Les Savy Fav, magnífica banda de indie rock com quase tantos anos como o Paredes de Coura; e os regressados The Walkmen. Estas e outras bandas e artistas são boas razões para rumar ao Minho mais uma vez. Recomendado: Vila do Conde, a cidade de todas as curtas

Dez concertos a não perder no Vodafone Paredes de Coura

Dez concertos a não perder no Vodafone Paredes de Coura

O icónico Vodafone Paredes de Coura celebra 30 anos e é das raras instituições estivais que, indiferente à passagem dos anos, se mantém meio fiel às suas origens. É verdade que as sonoridades que se ouvem no anfiteatro natural de Paredes de Coura não são só as que se ouviam nos 90s, mas o festival sempre foi acompanhando as tendências – do trip-hop ao nu-metal, do pop-punk ao indiezinho dos anos zero – e continua a fazê-lo, dando agora espaço ao trap singular do sueco Yung Lean ou à pop afro-futurista de Sudan Archives. Para os espíritos mais conservadores, porém, há música indie à antiga. Estão lá os Yo La Tengo, santos padroeiros do indie rock americano; os Wilco, referência maior do rock e da alt-country americana; The Brian Jonestown Massacre e o seu rock psicadélico, garageiro e errático, servido com muita selvajaria; ou ainda Les Savy Fav, magnífica banda de indie rock com quase tantos anos como o Paredes de Coura; e os regressados The Walkmen. Estas e outras bandas e artistas são boas razões para rumar ao Minho mais uma vez. Recomendado: 10 coisas para fazer em Paredes de Coura para lá do festival 

Pedro da Linha: “Estou a tentar acrescentar algo à música popular”

Pedro da Linha: “Estou a tentar acrescentar algo à música popular”

Pedro Maurício já respondeu por muitos nomes. Quando a Enchufada partilhou a sua primeira mixtape, em 2012, era King Kong. Um ano mais tarde, no cartaz de uma das muitas Hard Ass Sessions do Lux em que tocou, mantinha-se o nome, porém mudava a grafia: Kking Kong. “Mas depois tive alguns problemas com o nome, principalmente legais. E tive que mudar para PEDRO”, detalha. É assim que, na viragem de 2017 para 2018, passamos a conhecê-lo. O novo nom de piste já surge na capa do EP Damaia 2.0 e no poster da primeira noite Na Surra do B.Leza, mais uma vez com a chancela da Enchufada. Continua a usá-lo em 2020, quando lança o primeiro registo de longa duração através da editora de sempre, exactamente no momento em que a covid-19 fecha o país. Quando passado um ano falamos com o cúmplice Pedro Mafama sobre o álbum Por Este Rio Abaixo, porém, percebemos que ganhou um novo apelido: “agora é Pedro da Linha”. Desde então, nunca mais deixámos de ouvir falar nele. À produção do celebrado álbum de estreia do seu homónimo seguiu-se a construção – com a ajuda de Conan Osiris, Mafama e Ana Moura – da arrojada Casa Guilhermina (2022) da fadista, e este ano produziu DECLIVE, o primeiro de EU.CLIDES; Estava No Abismo Mas Dei Um Passo Em Frente, de Pedro Mafama; e ainda lançou o primeiro EP em três anos, Rua Rosa, 24. Na calha, tem um EP colaborativo com o espanhol Merca Bae – “um daqueles geniozinhos da electrónica”, descreve Pedro;

Kings of Convenience: “Na vida real, é raro termos paz e amor. Ou tens uma ou outra”

Kings of Convenience: “Na vida real, é raro termos paz e amor. Ou tens uma ou outra”

Há frases, perguntas e confissões que desbloqueiam conversas; que fazem uma entrevista –que até aí ameaçava nunca passar de um pró-forma – florir e fluir com charme e honestidade. Acontece frequentemente. Aconteceu há umas semanas, quando ligámos a Eirik Glambek Bøe, metade dos Kings of Convenience – que esta quarta-feira, 19, dão o pontapé de saída para a segunda volta do Cooljazz Cascais deste ano, depois de um concerto isolado, a 8 de Julho, e de uma semana e meia sem actividade festivaleira no Hipódromo Manuel Possolo. A conversa estava chata, até que se perguntou sobre o título do mais recente disco, Peace Or Love; sobre a sensação de dor de corno e coração partido que o atravessa; e ambos, entrevistador e entrevistado, se expuseram um bocado. Segue-se o resumo genuíno dessa meia-hora passada ao telefone, muito ocasionalmente a falar sobre música, mas sobretudo sobre as vidas que a inspiram. Os Kings of Convenience lançaram três álbuns no início do século, entre 2001 e 2009, mas depois ficaram mais de uma década sem editar material novo. O que se passou?Estivemos muito tempo a tocar, a levar a nossa música a toda a gente que nos queria ouvir, na América do Sul, na Ásia e na Austrália, além da Europa e dos Estados Unidos, claro. Isso levou quase cinco anos. Só então é que começámos a pensar em fazer um disco novo, e isso ocupou-nos outros cinco anos. O que demorou tanto desta vez? Nunca tinham levado tanto tempo a fazer um álbum.Porque somos cada vez mais… não diria perf

Super Bock Super Rock: nove concertos que nos vão levar ao Meco

Super Bock Super Rock: nove concertos que nos vão levar ao Meco

Primeiro as más notícias: se não voltar a haver risco de incêndio, é desta que o histórico festival português retorna ao Meco. As edições anteriores na Herdade do Cabeço da Flauta não deixaram saudades, muito pelo contrário, todavia a organização promete que os problemas e carências das infra-estruturas estão resolvidos. Tendo em conta que só há uma pequena estrada a ligar Lisboa ao recinto, é pouco provável que tudo sejam rosas. Mas, pronto, artistas como os lendários Wu-Tang Clan, The 1975, Steve Lacy e mais uns quantos dão-nos vontade de confirmar se o pior já passou. Recomendado: Os melhores concertos em Lisboa esta semana

Listings and reviews (23)

POSTMODERNIST GAMES: Dead Club

POSTMODERNIST GAMES: Dead Club

Primeira sessão dos Postmodernist Games da editora Russian Library no Desterro. O programa gira em torno de Glitterbug, derradeira obra completada por Derek Jarman, compilando filmes em Super 8 datados de 1971 a 1986 e capturados em jeito de diário visual. A sua exibição será acompanhada por uma instalação de vídeo de Marisa Tristão e Sebastião Bizarro, DJ sets de João Castro com Isabela Abate, e de Astrea, performances de Bruno Humberto e de Pedro Henrique, e um concerto dos Dead Club. O duo de Violeta Luz e João Silveira acaba de editar o single "I Need It", com uma versão da "Space Oddity" de David Bowie no lado B, e tem um novo EP na calha para o Outono. A sua música é um lânguido exorcismo synth-punk, com tanto de assombrado como de sedutor.

Lisboa Games Week

Lisboa Games Week

Três anos depois da última edição física, o Lisboa Games Week volta a ocupar os pavilhões da FIL, no Parque das Nações, entre 17 e 20 de Novembro. Ao longo destes quatro dias, no maior evento de videojogos do país, vai ser possível experimentar e conhecer novos títulos e plataformas de jogos, desde consolas e simuladores de realidade virtual a computadores e telemóveis; mas também experimentar máquinas de arcada vintage e consolas retro.  Os e-sports voltam a ser um dos principais focos da programação, com várias competições a disputarem-se no recinto. Continua também a haver espaço para o cosplay e a cultura pop, com espectáculos de wrestling, bancas de artistas independentes, merchandising e sessões de autógrafos. Há ainda conferências e uma aposta no serviço educativo, para levar os videojogos ao maior número de pessoas. E o maior número de pessoas à FIL.

Sortidos MIL

Sortidos MIL

Ainda falta mais de meio ano para a próxima edição do MIL. Mas, para assinalar o início das candidaturas de artistas para o festival de 2020, o Musicbox decidiu fazer uma espécie de MIL em ponto pequeno, com artistas emergentes do continente europeu. A primeira a subir ao palco, no sábado, será a harpista portuguesa Carolina Caramujo (na foto), que se encontra a gravar o primeiro álbum a solo, com lançamento previsto para Novembro. Segue-se a cantora e compositora indie catalã Núria Graham, que editou em 2017 o disco Does it Ring a Bell? por El Segell del Primavera. Depois é a vez de GENTS, duo dinamarquês de synthpop romântica e nostalgica, cujo novo álgum Humam Connection, deve sair a 11 de Outubro. O último concerto da noite é o de Kukla, cantora eslovena de turbo-pop. Depois há Dj sets de Dinamarca, que apesar do nome é chileno e vive na Suécia, e do português Progressivu.

Built To Spill

Built To Spill

Os Built to Spill ajudaram a definir e a expandir o som do indie rock americano nos anos 90. Liderados por Douglas G. Martsch, cantor, herói da guitarra, principal compositor e único membro permanente do grupo ao longo das décadas, gravaram temas que se tornaram clássicos da canção eléctrica americana e álbuns que mais parecem monumentos, cuja influência foi quase imediata e se continua a sentir. Discos como There’s Nothing Wrong With Love (1993) um disco de indie-pop de guitarras, áspero, conciso e com o coração na lapela, sem o qual os primeiros (e bons) trabalhos dos Death Cab For Cutie nunca teriam existido. Ou Perfect From Now On (1997), o terceiro álbum e o primeiro com o selo da multinacional Warner, com as suas canções paisagísticas e cordilheiras de guitarras que se confundiam com o mapa americano e nas quais escutávamos pontos de contacto com o que os contemporâneos Modest Mouse estavam a fazer. Ou Keep It Like A Secret (1999), o terceiro clássico consecutivo e combinação quase perfeita entre a abordagem mais directa do disco de 1993 com a epicidade do seu sucessor. É precisamente Keep It Like A Secret que ouviremos esta quarta-feira na Zé dos Bois, Um segredo mal guardado depois dos concertos de Oruã e Shaolin Soccer. Doug Martsch e companhia têm celebrado ao vivo os 20 anos do disco, e um dia antes de actuarem no NOS Primavera Sound trazem a Lisboa os segredos mal guardados que são as suas canções. Não faltará nenhuma. Desde clássicos indie efusivos como “The Plan

Ciclo Maternidade

Ciclo Maternidade

Vários artistas da Maternidade vão desfilar pelo palco do Auditório Municipal António Silva, no Cacém, entre sexta-feira e sábado: Filipe Sambado, Bejaflor, Catarina Branco, Aurora Pinho e Vaiapraia. O convite partiu do teatromosca, mas a promotora teve “carta branca” para fazer o que quisesse, garante o cantor e compositor Filipe Sambado. “Optámos por ter só concertos de bandas associadas à Maternidade porque nunca tocámos no Cacém. Nenhum de nós”, diz Rodrigo Araújo, vulgo Vaiapraia, outro dos mentores da agência. Desde finais de 2014 que a promotora Maternidade dá música a Lisboa e ao resto do país. Além de agenciar cantores como Luís Severo, Filipe Sambado e Vaiapraia, entre outros, teve durante muito tempo
uma mensalidade nas Damas, onde deu
a conhecer inúmeros e bons músicos independentes portugueses (chegou recentemente ao fim), e ao longo dos anos trouxe várias bandas estrangeiras a Portugal, em muitos casos pela primeira vez. No Ciclo Maternidade deste fim-de-semana, os concertos começam às quatro da tarde de sexta-feira, na estação ferroviária do Rossio, onde vai actuar a cantora/ compositora indie Catarina Branco, que editou o primeiro EP, ‘Tá Sol, este ano.
 O cantor e produtor de pop caseirinha e electrónica Bejaflor, que se estreou com um belo disco homónimo no ano passado, é o segundo a tocar, a partir das nove no Auditório Municipal António Silva. A noite termina com Filipe Sambado (na foto). “Naquele belo formato solo, muito comunicativo, de guitarra ao peito

Paião

Paião

João Pedro Coimbra, Nuno Figueiredo, Jorge Benvinda, Marlon e VIA são os Paião. E, como o nome sugere, interpretam canções escritas e cantadas por Carlos Paião, um dos maiores nomes da pop portuguesa da década de 80. Depois de um primeiro concerto, no ano passado, durante o Festival da Canção, e da edição de um CD, chamado apenas Paião, apresentam-se ao vivo no Capitólio.

José Pinhal Post-Mortem Experience/ Catarina Branco/ Sreya/ Japo

José Pinhal Post-Mortem Experience/ Catarina Branco/ Sreya/ Japo

Durante muito tempo, a Noite às Novas foi uma das bonitas noites (passe a redundância) da Zé dos Bois. Uma espécie de baile de debutantes em que artistas mais ou menos desconhecidos se davam a conhecer, e por onde ao longo dos anos passou uma legião de gente boa, de Norberto Lobo a Alek Rein ou a Sallim. Entretanto o nome caiu em desuso ali para os lados da rua da Barroca, apesar de a ZDB ter continuado a revelar novos valores e, ocasionalmente, até a juntá-los todos numa só sessão. É o que vai mais uma vez acontecer na sexta-feira. Porque, apesar de o velho nome não ser usado, a ideia é mais ou menos a mesma. Há a recriação do repertório de José Pinhal, nome mais ou menos desconhecido da música ligeira do Norte de Portugal, pela José Pinhal Post-Mortem Experience, que agrega músicos da Favela Discos e dos Equations, e recria o repertório do cantor com destreza e músculo, mas sem qualquer ironia. Pela primeira vez em Lisboa. Vai ouvir-se também a indie-pop caseirinha de Catarina Branco, que vai apresentar o EP de estreia acompanhada pela sua banda. E as canções pop fora do baralho e difíceis de compartimentar de Sreya, que já ouvimos em Lisboa em mais do que uma ocasião e cujo primeiro disco, Emocional, tem mão de Conan Osiris. Depois dos concertos, há um DJ set de JAPO, vulgo Menino da Mãe, vulgo Bernardo Bertrand, pronto para nos fazer dançar com a sua electrónica.

12 anos do Musicbox

12 anos do Musicbox

12 Anos. O número pode não ser redondo, mas não é por isso que o Musicbox não vai assinalar a data com a pompa do costume. As comemorações arrancam pelas 21.30 de quinta-feira, com a habitual entrega de presentes em forma de música gratuita. Neste caso, concertos de Pedro Mafama, cantor e produtor de uma música portuguesa difícil de delimitar, com tanto fado como hip-hop; do duo Môrus, de Alexandre Moniz e Jorge Barata; e dos Sunflowers (na foto), banda portuense de garage-punk com tensão psicadélica. Segue-se, à meia-noite e meia de quinta para sexta-feira, o ponto alto das festividades, a estreia em território nacional de Ms Nina, nome de proa do perreo espanhol, a trabalhar nos campos do trap e do reggaeton mais liberto e futurista. No país aqui ao lado, anda há uns anos a meter o público a dançar com a sua música sugestiva e abertamente sexualizada, mas positiva, questionando ideias heteronormativas de género e domínio. O regresso aos palcos dos Sensible Soccers, agora com uma nova formação, está marcado para sexta-feira. A banda portuguesa vai mostrar as novas composições a incluir num eventual sucessor de Villa Soledade, álbum de 2016 que sintetiza com mestria a vastidão electrónica, ensinamentos krautrock e a synthpop oitentista. Conhecendo o historial deles, o mais certo é vir aí coisa boa. Depois do concerto dos Sensible Soccers, na sexta-feira, a festa continua com Nuno Lopes, sem dúvida o melhor DJ português que também é um actor conhecido, e Dupplo, que é como que

Kiss/ Megadeth

Kiss/ Megadeth

Os Kiss são mais conhecidos do que a música que fazem. Gene Simmons, Paul Stanley e companhia – Tommy Thayer na guitarra e Eric Singer na bateria completam a actual formação, nos lugares e pinturas faciais dos históricos Ace Frehley e Peter Criss – andam nisto desde 1973 e são lendas do hard rock, todavia são mais as pessoas 
que reconhecem as suas caras maquilhadas, as vestes de cabedal e aquela língua do que as que conseguem trautear um par de canções deles. Parece estranho, mas é apenas o reflexo da maneira como a banda superou as limitações da sua música, de nicho, e se tornou uma instituição da cultura popular do Ocidente. Os autores de “I Was Made for Lovin’ You” (a mais conhecida canção dos Kiss, que nem sempre é tocada ao vivo) partilham o cartaz com os Megadeth, que garantiram ainda na década de 80 o seu lugar no pódio do thrash metal californiano e continuam aí para as curvas. Dystopia, de 2016, é o mais recente disco da banda de Dave Mustaine.

Meatbodies

Meatbodies

O nome de Chad Ubovich confunde-se com os Meatbodies, a banda que lidera e à qual já emprestou o nome. Confunde-se também com algum do melhor garage rock californiano dos últimos anos – antes dos Meatbodies, tocou na banda de Mikal Cronin e continua a acompanhar esse ícone garageiro que é Ty Segall, 
nos Fuzz. Mas concentremo-nos nos Meatbodies, que regressam ao MusicBox no sábado e no dia seguinte fazem das suas no festival Milhões de Festa. Editaram este ano Alice, álbum conceptual cuja lírica 
é indecifrável, mas cuja música não desilude: garage rock distorcido, com psicotrópicos à solta na corrente sanguínea. Tão violento como inspirador. Revigorante.

The Divine Comedy

The Divine Comedy

Entre os muitos que já tentaram fazer da música pop uma amálgama de ideias clássicas com sensibilidades modernas, poucos o conseguiram com a imaginação de Neil Hannon. A música dos seus Divine Comedy é um universo sumptuoso de pop orquestral enlaçada com destreza lírica. Mãos menos hábeis não saberiam conferir tanta elegância aos floreados teatrais que ornamentam a sua música, mas Neil Hannon é uma criatura rara, um compositor tão inteligente quanto galhofeiro. Foreverland, aventura-se no mundo romantizado da mundanidade, serpenteado por cordas e sopros. Louva a extraordinariedade dos quotidianos mais vulgares, pintados com referências históricas, melodias sensoriais, letras laboriosas e um coração pop sempre a palpitar. Com referências que vão desde Catarina, a Grande, à Legião Estrangeira Francesa, mas sem deixar de ser um álbum disfarçadamente autobiográfico sobre aquilo que vem depois do “felizes para sempre”. Mesmo quando escreve de forma mais dissimulada, autodepreciativa ou espirituosa, Neil Hannon só escreve canções de amor. É um romântico incurável, que se há-de fazer?

Night Lovell

Night Lovell

O prodigioso rapper e produtor canadiano Night Lovell estreia- -se ao vivo na Zé dos Bois mais perto do final do mês. Apresenta o álbum do ano passado, Red Teenage Melody.

News (406)

Por uma noite, vão dançar-se slows no Planeta Manas

Por uma noite, vão dançar-se slows no Planeta Manas

Até há um par de anos, a partir de certas horas, não se passava nada para os lados do Prior Velho. Nos últimos meses, porém, inauguraram três discotecas nesta vila do concelho de Loures – Nada, Komplex e Higher Ground – que é cada vez uma paragem obrigatória do roteiro nocturno lisboeta. E antes de todas elas abriu o Planeta Manas, espaço cultural e de culto gerido pela associação cultural Mina e pela Rádio Quântica, onde na maior parte das noites se ouve uma electrónica pesada e contagiante, escolhida com gosto e misturada com habilidade e carinho. Todavia, nesta sexta-feira, 27 de Outubro, vão ouvir-se menos batidas por minuto no Planeta Manas, que por uma noite vai ser reconfigurado (e decorado) pelas mulheres do Club CCC. O Club CCC não é um club per se. Mas é um clube, no sentido em que é “uma associação de pessoas para um fim comum ou com um interesse partilhado”, para usar a definição do Dicionário Priberam online de Português. Essas pessoas são DJ Caring (um dos três “C”), auto-intitulada “instigadora cultural”, com ligações à agência Outer, à editora Tresor e ao festival Berlin Atonal, uma filha da Margem Sul que depois de meia vida passada no Reino Unido voltou para Portugal durante a pandemia; Chima Isaaro, outrora Chima Hiro (mais um “C”), DJ com carreira feita em Lisboa e presença regular nas cabines de discotecas como o Lux, com vez mais datas lá fora; CC:DISCO! (o terceiro “C” deste Club CCC), DJ e produtora australiana radicada há cinco anos em Lisboa, tão hab

Sónar traz Oneohtrix Point Never e 2manydjs de volta a Lisboa em 2024

Sónar traz Oneohtrix Point Never e 2manydjs de volta a Lisboa em 2024

Sabíamos, desde Abril, que o Sónar ia voltar a instalar-se em Lisboa, pelo terceiro ano consecutivo, nas noites de 22 e 23 e nos dias 23 e 24 de Março de 2024. Só não se sabia quem é que cá vinha. Até agora. A organização acaba de anunciar os primeiros nomes para a edição portuguesa do venerado festival de música electrónica e cultura digital, com os 2manydjs à cabeça. O duo belga vai apresentar em Lisboa um espectáculo inédito, com um par de convidados de peso: Erol Alkan e Éclair Fifi. Juntam-se a eles outros DJs com experiência internacional, como Bonobo, Eliza Rose, Florentino, DJ Gigola, CC:DISCO! ou o duo de Tiga e Hudson Mohawke, que trazem a Portugal o espectáculo audiovisual Love Minus Zero. O contingente nacional, por agora, conta com Chima Isaaro, XEXA e os encontros de Supa com Ghetthoven e Moullinex mais GPU Panic. Ao nível dos concertos, destaca-se Oneohtrix Point Never, vulgo Daniel Lopatin, figura tutelar de uma electrónica nostálgica e ambiental, quase evaporada e assombrada por fantasmas e memórias pop. Editou recentemente o elogiado álbum Again, e já estamos a contar os dias para voltar a vê-lo. Sevdaliza, Tommy Cash ou Shygirl são outros dos artistas confirmados para mais um Sónar Lisboa. A edição deste ano volta a concentrar-se no Parque Eduardo VII, onde durante o dia vai haver palcos cobertos e ao ar livre, enquanto à noite a acção se cinge ao interior do Pavilhão Carlos Lopes. Regressa também o programa paralelo Sónar+D.

Anna Calvi, Valete e outros artistas reforçam o Super Bock em Stock

Anna Calvi, Valete e outros artistas reforçam o Super Bock em Stock

O Super Bock em Stock, que volta a ocupar diversas salas da Avenida da Liberdade e arredores entre 24 e 25 de Novembro, uma sexta-feira e um sábado, continua a receber reforços, de Portugal e do estrangeiro. Nesta quarta-feira foram anunciados mais oito nomes, mas há um que enche o olho: Anna Calvi. Esta não é a primeira nem há-de ser a última vez que a cantora e compositora indie britânica se apresenta ao vivo em Portugal, mas é sempre uma alegria reencontrá-la. Além disso, desde a última vez que a vimos, Anna Calvi lançou uns quantos discos, incluindo Tommy, o EP do ano passado, com canções que escreveu para a sexta e derradeira temporada de Peaky Blinders. Destaca-se também a confirmação de Valete. O veterano rapper montou um concerto de raiz a pensar no festival, com três convidados muito diferentes entre e de si: o cantor e produtor de pop electrónica Moullinex; o popular rapper Papillon; e os Black Company, pioneiros do hip-hop nacional. No mais recente lote de confirmações estão também Sam Tompkins, Inês Monstro, Mónica Teotónio, Nilson Dourado, Pons e Stckman. Estes artistas juntam-se aos já anunciados Gilsons, Will Butler, Ela Li, Filipe Karlsson, João Só (com os Capitão Fausto a darem-lhe uma mãozinha), Azart ou Blaiz Fayah, entre outros. Os bilhetes, por enquanto, ainda custam 55€ online e nos locais habituais. + O cinema documental e a música das margens roçam-se no Sonica Ekrano + Vaiapraia mexe connosco há dez anos. E não nos deixa esquecê-lo

O cinema documental e a música das margens roçam-se no Sonica Ekrano

O cinema documental e a música das margens roçam-se no Sonica Ekrano

Sonica Ekrano quer dizer algo como “ecrã sonoro” ou “tela de som”. É estranho ainda que familiar, como é suposto o esperanto ser, e dá uma ideia do que nos aguarda do outro lado do Tejo, no Barreiro, terra de trabalhadores e de um dos primeiros núcleos de divulgação e estudo do esperanto em Portugal, na viragem para o século XX – um pedacinho de história que ajuda a explicar o nome da mostra de “cinema documental e músicas das margens” organizada pela OUT.RA desde 2021. Na terceira edição, que se realiza entre esta quinta-feira, 26 de Outubro, e o próximo sábado, 4 de Novembro, há 19 filmes para ver, incluindo dez em estreia nacional, além de concertos e DJ sets. “As primeiras edições correram bem. Confirmámos que há público para o que propomos”, garante Rui Pedro Dâmaso, da OUT.RA, responsável pela organização e programação desta mostra e também do OUT.FEST. Não era garantido que houvesse interesse, “tendo em conta que, primeiro, é um festival de cinema documental; ponto dois, só com filmes sobre música; e além disso com música que está longe de ser mainstream”, elenca o programador. “[Nos anos anteriores] tivemos público que vem para o OUT.FEST e para os concertos. Mas também muita gente do Barreiro, que sai para ver um documentário sobre um artista mas, se calhar, não sairia para ver um concerto.” Este público local, que não é o do icónico festival de músicas exploratórias, é muito importante para a organização. A primeira edição, em 2021, realizou-se em Setembro, entre os

Vaiapraia mexe connosco há dez anos. E não nos deixa esquecê-lo

Vaiapraia mexe connosco há dez anos. E não nos deixa esquecê-lo

Sozinho, no palco da Sociedade Musical União Paredense (SMUP), Rodrigo Vaiapraia expurga demónios; faz deles canções. Uns metros à frente e uns centímetros abaixo, o público sentado sente, sorri, chora; canta com e – quando, pontualmente, ele se esquece das letras – para ele. O momento é de reencontro com fãs, críticos, músicos e outros co-conspiradores desta luminária do queercore nacional, a brilhar nas ilhas britânicas há uns anos. O ambiente é de festa, que as primeiras Demos de Vaiapraia foram expostas no Bandcamp em Outubro de 2013, há dez anos, e há uma data redonda para assinalar. Mas é também de ensaio geral, porque ao concerto iniciático de 12 de Outubro, na SMUP, vão seguir-se mais 11, de norte a sul de Portugal, nas próximas semanas. No dia seguinte, sexta-feira, 13, Rodrigo está a tocar na Festa d’Anaia, em Cantanhede; no sábado, 14, no Café Avenida de Fafe, e no domingo, 15, no Beleza Teatro, em Rio Maior. O próximo concerto está marcado para quinta-feira, 19, no Mercado Negro, em Aveiro. Segue-se o Maus Hábitos do Porto, na sexta-feira, 20, e a sala homónima de Vila Real, no sábado, 21. Depois de uns dias de descanso, toca nas Damas (Lisboa), a 27, na Casa de Cultura de Setúbal, a 28, e no festival Sonica Ekrano, na Sala 6 do Barreiro, a 31. Por fim, toca a 3 de Novembro, no Salão Brazil, em Coimbra, e a 4, no Café-Concerto RUM by Mavy, em Braga. Não é normal, em Portugal, um artista independente dar tantos concertos, tão próximos cronologicamente e em pontos t

O conceito do Iminente este ano é a partilha

O conceito do Iminente este ano é a partilha

“Esta não é uma edição normal.” Quem o diz é Carla Cardoso, directora do Iminente, quando confrontada com a mais recente reinvenção do festival de música e artes visuais, que depois de ter passado por Oeiras, por Monsanto e pela Matinha, este fim-de-semana volta a mudar de poiso e a mexer com a cidade e a periferia, assumindo um novo apelido: “Takeover”. “É verdade que todas as edições são diferentes”, reconhece. “Mas esta é mesmo muito diferente”, sublinha. “Normalmente, dura mais dias, tem um modelo tradicional de festival, paga-se a entrada. Este Takeover é uma grande festa, como o Iminente sempre foi, mas aberta a todos. Tenta concentrar em dois dias o melhor daquilo que o Iminente é.” Sete palavras capturam a nossa atenção e imaginação. Repita-se: “o melhor daquilo que o Iminente é”. Foi com esta ideia em mente que montaram a edição deste ano no Terreiro do Paço, um espaço totémico de Lisboa e do país, para muitos, o coração da cidade. “Quisemos fazer aqui uma espécie de best of. E a convidar artistas com quem trabalhamos a mostrar artistas que admiram”, explica a directora. “O desafio foi, apesar de termos menos slots, menos dias, continuar a mostrar o maior número possível de propostas. E, para isso, pedimos ajuda aos próprios artistas e a outros agentes que já trabalhavam connosco.” O resultado é uma série de encontros, mais e menos inesperados, em que putativos headliners dão palco e partilham canções com músicos que admiram. Sam The Kid, por exemplo, convida VLUDO,

A Oktober Festa vai voltar a dar música à zona oriental de Lisboa

A Oktober Festa vai voltar a dar música à zona oriental de Lisboa

As cervejeiras do Lisbon Beer Department, entre Marvila e Cabo Ruivo, voltam a organizar uma Oktober Festa no próximo sábado, 21 de Outubro. Com música independente, cerveja artesanal e gastronomia alemã. Tal como nos anos anteriores, só se paga pelos comes e bebes. O grande chamariz desta Oktober Festa são os concertos. E o ponto alto da programação é a actuação de Maria Putas Reis Bêbadas, pelas 22.30, na Musa de Marvila. Há pouco mais de um ano que a cantora e compositora de Pega Monstro (por falar nelas, já ouviram “Willkommen”, a canção que anuncia o seu regresso? É tudo de bom) e essas Putas Bêbadas que são Miguel Abras, Leonardo Bindilatti, João Dória e Íris Neves andam a tocar juntos. E vale sempre a pena ouvir as suas canções. Antes dos campeões da Cafetra, a partir das 18.30, também na Musa de Marvila, transpira-se com o pós-hardcore dos Hetta. Já no vizinho brewpub da Dois Corvos ouve-se primeiro a estranha forma de pop de Femme Falafel (17.00) e mais tarde o pós-rock com vapores psicadélicos dos Quelle Dead Gazelle (22.00). E há ainda o punk dos Bastardos do Espírito Santo, na Fábrica Oitava Colina; e, no novo Fermentage, a pop expansiva e vibey de MONiMO e o rock matemático dos Melquíades. Antes, no meio e depois da maior parte destas apresentações ao vivo, há DJ sets. De Izzy, de Benjamim (ambos na Dois Corvos); de Quim Albergaria (na Oitava Colina); de Abel Santos (no Fermentage); de Marquise Requinte, de Filipe Karlson e de Miss Universo (na Musa). Então e a c

Claire rousay continua a documentar a era da solidão. Agora em canções

Claire rousay continua a documentar a era da solidão. Agora em canções

A compositora norte-americana claire rousay é um dos nomes cruciais da música contemporânea. Começou por ser uma improvisadora e baterista de free jazz e música experimental, mas ainda antes da pandemia estreou-se a compor uma electrónica ambiental, mais sentimental do que cerebral, ornamentada com field recordings e vozes desmaterializadas. Depois de uma estreia emocionalmente arrasadora no Out.Fest, há cerca de um ano, regressa a Portugal para um concerto único na Zé dos Bois nesta terça-feira, 10. Nos dias e nos meses que se seguiram à sua passagem pelo Barreiro, claire rousay continuou a lançar discos desafiantes e belos, em colaboração com artistas como E Fishpool (Distance Therapy), Circuit Des Yeux (Sunset Poem), Jacob Wick (anything you can do...) ou Anne-Françoise Jacques (a very busy social life). Poemas espectrais e fábulas para o eremoceno, relatos da era da solidão e da internet; uma música a que muitos e a própria autora – com a língua colada à bochecha, suspeitamos – chamam emo-ambient.  Desde então, porém, tem metido cá fora menos material. Apenas um par de singles – “Deceiver”, com Helena Deland, em Maio; e “Sigh In My Ear”, pela venerada editora de música indie e emo Saddle Creek, em Agosto – e umas quantas canções e esboços partilhados com os subscritores da sua conta no Bandcamp, onde todos os meses coloca “cerca de 40 minutos de música”, pelas suas contas. Ela própria subscreve e apoia o trabalho de criadores que admira no Bandcamp e no Substack, e admite

A próxima festa Digital Destiny de Von Di é um recreio para adultos

A próxima festa Digital Destiny de Von Di é um recreio para adultos

Von Di sentia “uma necessidade de criar mais espaços seguros de clubbing”. Foi por isso que, inspirada pelo “Dengo Club de Saint Caboclo”, organizou a primeira Digital Destiny em Lisboa em 2022, e desde então já replicou o conceito no Porto e no Algarve. Mas a próxima edição é especial: realiza-se pelas 21.00 de sábado, 14, num parque infantil, com escorregas e uma piscina insuflável.  Nascida há 29 anos e DJ “há 13 [anos], desde os 17”, começou recentemente a organizar eventos e a criar a sua “própria comunidade”, detalha. “Já há algum tempo que queria fazer festas em lugares que não associarias ao clubbing. Num supermercado ou numa lavandaria, por exemplo. Entretanto lembrei-me do parque onde costumava fazer as minhas festas de aniversário quando era pequena, e liguei para lá. Desenvolveu-se tudo a partir daí.” “Foi uma coisa super-impulsiva”, confessa. Mas começou a fazer cada vez mais sentido à medida que o tempo ia passando. “Porque para mim as experiências de clubbing têm de ser mais leves. E, para as pessoas se divertirem mais, é fixe mudar o ambiente.”  Parece que o público concorda com ela. O local que vai acolher Digital Destiny Playground ainda não foi anunciado, mas a primeira fornada de bilhetes esgotou num ápice. Entretanto, foram colocados à venda online mais alguns ingressos, “mas em quantidade muito limitada”, por isso é pouco provável que durem até sábado. Até porque, explica, prefere ganhar menos dinheiro com a bilheteira, mas “garantir que todas as pessoas

Capitão Fausto “Tocam os Dias Contados” no Festival Cuca Monga

Capitão Fausto “Tocam os Dias Contados” no Festival Cuca Monga

Quando lançaram o álbum Capitão Fausto Têm os Dias Contados, em 2016, os cabecilhas da Cuca Monga passavam os dias em Alvalade, no estúdio que servia de quartel-general à editora. Viveram bons tempos lá, até que tiveram de abandonar o prédio. Mas o bairro continuava a chamar por eles. Em 2022 responderam ao chamamento: organizaram a primeira edição do Festival Cuca Monga em Alvalade e logo a seguir instalaram-se na Vila Afifense. Este ano, voltam a organizar o festival. E o destaque do cartaz, que ficou hoje fechado, são os Capitão Fausto a tocar os Dias Contados. “A ideia da edição passada foi celebrar a nova casa da banda e da editora, e este ano quisemos celebrar a rua onde tudo começou. Por isso fez-nos sentido tocar este álbum, que foi criado lá e que representa um período muito especial das nossas vidas”, diz Domingos Coimbra, membro do grupo e um dos bosses da Cuca Monga. “Mais curioso ainda é que nessa mesma rua houve um concerto que juntou pela primeira vez a antiga banda do Tomás à nossa antiga banda, no então Tuatara, agora Kube. No fim as duas bandas tocaram The Verve e tocámos os cinco pela primeira vez.” Além dos Capitão Fausto, entre os novos nomes confirmados para o festival que toma de assalto várias salas das ruas do Centro Cultural e Acácio de Paiva, a 4 de Outubro, estão os cantores e compositores portugueses Benjamim e Jasmim, bem como a harpista Rebeca Csalog. Há ainda um concerto de Cuca ao Piano, “com canções das bandas da editora, ao p

Diferentes músicas e geografias confluem no novo Vale Perdido

Diferentes músicas e geografias confluem no novo Vale Perdido

Há um novo festival de música para marcar no calendário, em Novembro. Chama-se Vale Perdido e, entre os dias 15 e 19, vai levar 16 artistas de latitudes distantes e com sons ainda mais diferentes entre si a quatro salas e pontos da capital: a Igreja de St. George, na Estrela, o B.Leza, no Cais do Sodré, a Lisa, mais para os lados de Santos, e o novo 8 Marvila, no bairro que lhe empresta o nome. A programação e o conceito foram desenhados por três curadores que calmamente têm vindo a moldar o tecido cultural lisboeta ao longo deste século: Sérgio Hydalgo, que durante mais uma década orientou a ZDB e hoje ajuda a programar o B.Leza, além de editar e trabalhar com outras salas; Joaquim Quadros, que conhecemos quando era uma das vozes da Vodafone FM e hoje é o programador e um dos donos do Vago e da Lisa; e ainda Gustavo Blanco, ligado ao Sónar Lisboa. O festival arranca a 15 de Novembro, na Igreja de St. George, que recebe o artista e compositor japonês FUJI||||||||||TA, pela primeira vez em Portugal. Segue-se, no dia seguinte, mais uma estreia nacional: Joanna Sternberg, artista e intérprete ianque de uma folk embebida em blues e jazz, música sem truques e 100% honesta, que casa lindamente com a luminária portuguesa Maria Reis, de volta ao B.Leza e com coisas novas para mostrar na primeira parte. Na sexta-feira, 17, e no sábado, 18, o Vale Perdido instala-se no 8 Marvila. O ponto alto do fim-de-semana é o concerto dos Nihiloxica, filhos do Uganda com ligações às l

Olivia Rodrigo confirma segundo concerto em Lisboa

Olivia Rodrigo confirma segundo concerto em Lisboa

Nós avisámos. Piscámos o olho em tom de aviso, vá. “Há espaço para um segundo concerto em Lisboa no calendário”, escrevemos a 13 de Setembro, quando Olivia Rodrigo anunciou que se ia estrear ao vivo em Portugal no próximo ano. Nem uma semana depois, aqui está ela: à primeira data, a 22 de Junho de 2024, na Altice Arena, junta-se agora uma segunda, no dia seguinte, um domingo. A estrela pop norte-americana terá Remi Wolf a tocar nas primeiras partes dos concertos. E os bilhetes para ambas as datas vão ser colocados à venda já na quinta-feira, 21. A má notícia é que só quem fez o pré-registo para a compra dos ingressos, na semana passada, terá acesso a eles. A não ser que não esgotem e entrem no mercado tradicional. Pelo bem de todos, tomara que sim. Olivia Rodrigo vem apresentar o álbum Guts, um dos melhores deste ano, editado há pouco mais de dez dias. Quarenta minutos de excelência pop, com letras que oscilam entre relatos de dor de corno e outros males de amor e momentos de empoderamento feminino, vertidas por cima de lençóis instrumentais pop, cosidos com retalhos de pop-punk, emo, soft rock, power-pop e indie rock. Mas com todas as arestas limadas. Tem tudo para ser um dos melhores concertos do próximo ano. Altice Arena. 22-23 Jun (Sáb-Dom). Preços e horários a confirmar + Gisela João comemora dez anos de carreira com concerto em Marvila + Segundo Festival Cuca Monga espalha-se por Alvalade em Outubro